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Foto do escritorPor Dimitry Uziel

Herzegovina e The Secret Shelson's Band no Post-Punk Brasil #07

Atualizado: 28 de mai.


Há poucos dias aconteceu a 7ª edição do evento “Post-Punk Brasil” (em 23 de outubro de 2022), que levou ao palco do Madame dois ótimos nomes do gênero: o trio Herzegovina (Rio de Janeiro) e o quarteto The Secret Shelson’s Band (São Paulo). Em tempos em que todos “querem o mundo e o querem agora”, dei um passo para trás e pausei atividades para um respiro, uma fuga das redes sociais e do resto do mundo. Então, sem imediatismo e sem preciosismo, tomei distância para degustar e apreciar o evento ocorrido.


The Secret Shelson’s Band, fundada em 2020, trouxe, pela primeira vez, seu obscuro e dançante som para o público que se concentrava sob as gárgulas do Madame. Com pouco papo e mais música, a banda pôde nos apresentar tudo que foi possível dentro do tempo estabelecido, incluindo uma versão muito bacana de “10:15 saturday night”, canção do primeiro disco do The Cure, “Three Imaginary Boys” (1979). A jovem banda, que também atende apenas por The Shelsons, foi uma grata surpresa para mim nos últimos meses e, ao vivo ela soa tão boa quanto seu trabalho de estúdio. Em alguns momentos o quarteto aparentou um certo nervosismo, algo próximo de uma insegurança — o que pode ter sido apenas uma impressão minha — mas isso não afetou sua apresentação definitivamente digna de aplausos.


Alguns minutos após The Shelsons deixar o palco, foi a vez do trio Herzegovina, que claramente acabou sendo afetado pelo horário tardio de sua entrada, considerando que o ponteiro do relógio já se aproximava das onze horas da noite de um domingo, e o público era notoriamente menor aquele horário. Ainda que nada disso tenha refletido no desempenho poderoso e carismático da banda, seu show foi curto, deixando, pelo menos em mim, um desejo por um pouco mais. Mas era possível que aquele fosse o repertório planejado, e sua apresentação não tenha sido encurtada devido ao horário. Fica a dúvida no ar. Só posso dizer que ver e ouvir sons como “Black cat” e “Ego Arcade” pela primeira vez ao vivo foi ótimo. Os caras só deixam as coisas fluírem naturalmente e pronto, a mágica acontece. “Emergency” foi seu primeiro disco lançado em formato digital, LP e CD, e lá, sobre o palco, estavam expostas algumas das pérolas desse álbum. O show pode ter aparentado ser rápido para mim, mas foi o suficiente para eu ter a certeza de que estarei presente em sua próxima apresentação em São Paulo.


Agora, um fenômeno curioso que acontece — mas não é uma novidade — na tal famigerada “cena underground” é a peculiar falta de interesse por parte de uma considerável parcela do público em prestigiar novas bandas, ainda que tais bandas estejam destacando-se pelas vias virtuais. Isso sempre me deixou um tanto consternado. É fato que não se pode generalizar, mas também é fato que muito se fala a respeito de um cenário, e pouco se vê a contribuição para que ele consiga alçar voos mais altos. E é óbvio que, como público, somos responsáveis pelo que chamam de “cena”, seja comparecendo aos shows ou consumindo o material das bandas que passam por diversas situações desconcertantes e desconfortáveis para manterem-se ativas. Não, não é um mar de rosas e nunca foi.


 

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