O Lançamento do EP 'Festa', Miami Tiger
Palco de extrema importância para diversas bandas. São inumeráveis os nomes que passaram pela sala Adoniran Barbosa. A inauguração do CCSP, em 1982, aconteceu em meio à lenta redemocratização do país que, de algum modo, trazia de volta a possibilidade de experimentações em todas as áreas, inclusive na música. No mesmo contexto, começam a chegar com mais frequência informações sobre movimentos musicais criados essencialmente na Europa e EUA, por jovens operários com formação musical quase inexistente, mas que, de forma muito criativa e raivosa, posicionaram-se contra tudo que estava estabelecido.
1986
Foi a partir dali que nomes como Cascaveletes, Cabine C, Cólera, Fellini, Mercenárias, Ira!, Violeta de Outono, Harry, Nenhum de Nós e tantas outras pérolas dos bons sons chegaram ao palco arena da sala Adoniran Barbosa.
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Essa breve narrativa se deu para clarear — como uma espécie de prólogo — a visão sobre o show de lançamento do EP 'Festa' que ocorreu exatamente no ambiente citado; sobre histórias, acontecimentos importantes e música.
No dia 22 de fevereiro de 2018, a banda paulista Miami Tiger entrou para a grande lista de nomes que fizeram a história da bela sala no CCSP. E quando você é introduzido na história, você faz parte dela involuntariamente. O show de lançamento teve brilho e poder. Carox (vocal), Henrique Almeida (guitarra e voz), Phá Bemol (guitarra) e André Oliveira (baixo) trouxeram músicas do primeiro EP (Amblose - 2017) além dos novos trabalhos. Canções como "Meu Lugar" e "Ali" já saltavam com muita espontaneidade da boca do público.
É preciso lembrar que, naquela noite, a bateria estava sob responsabilidade do versátil e simpático Thiago Babalu, músico que esbanja talento em seu instrumento. Outra informação extremamente pertinente é que se refere a parte técnica, o trabalho mais que competente da sonoridade estava sob comando de Fernando Sanches (CPM 22), também produtor do novo EP do Miami.
Fotografia: Dimitry Uziel / Arte: Dimitry Uziel e Phá Bemol
A cereja do bolo (ou, as cerejas) foram as participações especiais. Na segunda parte do show, o mestre Lucio Maia (Nação Zumbi, Los Sebozos Postizos e Quarteto Los 5) chegou tímido, meio de lado, mas sorridente, com sua guitarra e seus anos de estrada para as músicas "convite" e "festa". Na única música em inglês do EP Amblose, "I wont", a bela Deb Babilônia (Deb and the Mentals) surgiu para um dueto poderosíssimo com Carox. E, na última música, "Ali", Rodrigo (Dead Fish) fora chamado para declamar seu texto inflamado cheio de dedos na cara, um verdadeiro chute no olho, lindo trabalho. Rodrigo compôs o texto para "Ali" durante as gravações de "Amblose", minutos antes de gravar e, sempre que possível está presente nos show do Miami para uma participação.
Presenciar aquele evento foi um verdadeiro deleite. Uma experiência única, cheia de sorrisos e bons sons, um verdadeiro abraço caloroso da música.
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Como eu estava dizendo, quando menos esperamos somos introduzidos na história de pessoas ou de lugares, assim como o Miami Tiger, hoje, está na história da sala Adoniran Barbosa, tocando ao lado de músicos consagrados e escrevendo sua própria história.